Monday, January 23, 2017

Mestre Cabritinho: SIM!

Image result for abrete corazon abrete sentimientoSurge a nota no email do pedido de acolhimento de um ser, uma criança bicho animal, que sobreviveu em fuga que desconhecemos detalhes. E que agora precisa de família e de lar.

Na minha cabecinha os pensamentos tentam se impor às emoções. Quando sucumbo ao racional, mascaro sentimentos e corro o risco de me tornar insensível. Se consigo ir além deste embate entre cabeça e coração, então o ensinamento aprofunda: A lição é aprender a dizer "sim" ou "não" no que bate dentro do peito. 

A escola da vida sofistica a aula, não existe resposta pré-fabricada. Até as mesmas situações, por estarem em tempos diferentes quando se repetem, não necessariamente ditam a mesma resposta. O "sim" de ontem pode ser "não" hoje. Ou não! O que eu sei que é padrão na fórmula vive no coração. E toda sofisticação da escola testa o caminho para chegada nele, pois ali se revelam segredos existenciais. Neste colégio cósmico que é o mundo em que estamos encarnados, professores são situações assim como todos que nos cercam.

As contas do Santuário, especialmente no mês de janeiro, estão totalmente comprometidas. Com as águas, encontros de arrecadação de fundos cancelados e entrega de orgânicos dificultadas. O caixa no vermelho momentaneamente sabemos, pois não chove para sempre! "É isto" - grita meu coração - "Nada é permanente em uma manifestação efêmera". Mas o que cala a mente pelo amor de Deus?? Freud declarou: "Somos todos neuróticos". Me atrevo a dizer que a ioga refaria a frase sem a identificação do Eu:" A mente é neurótica".

Image result for meditation monks shaolinAs intelectualizações continuam e de repente percebo que se deixo que minha vida seja por elas regida, para ir até a cidade comprar pão levaria o guarda-chuva em um dia de sol,o guarda-sol em um dia de chuva. E um para-quedas porque a gente nunca sabe!... Esta necessidade de falsas seguranças querendo manter meu ego na plenitude de um controle - que ele não tem. A dificuldade está em aceitar que além da semeadura, a colheita não está em minhas mãos. Depende até da semente, do solo, do clima!... E a outra dificuldade é discernir se vivemos uma ou outra! Meditação é palavra de ordem. Ainda que não consiga experienciar o vazio da mente, meditar permite que a observe. Eu ali ganho forças para um dia por graça ser pensadora e não pensamento.

O ego busca segurança e o sistema é nutrido com seguros de saúde, da casa e do carro! Previdência privada. Nos apaixonamos - então casamos no cartório: contrato e testemunhas! Tudo pedindo garantias. Nos iludindo que temos segurança. Que controlamos os desdobramentos da vida - quando na verdade só podemos ou não dominar nossas reações frente ao fluxo, ou seja, se aceitamos nos entregar a ele ou se lutaremos inutilmente para que seja como queremos. O rio segue rumo ao mar - se vamos no debatendo ou em franco regozijo por cada paisagem, aí todo controle que nos cabe elucubro.

Image result for osho coraçãoBastasse isto, nos bastidores da psiquê um monstro nos perturba: o medo! O medo da escassez de recursos, medo da rejeição. Medo de faltar amor porque iludidos pensamos que temos o amor que recebemos - quando só nos pertence o que damos! Amor ou carência? Sem o mínimo de consciência somos controlados por quem amamos por não tolerarmos que não nos amem. Então tantos de nós se negam a serem de fato quem são, desistindo de sonhos, profissões, viagens. Da vida! Como pode se gabar de ser amado ou querido aquele que não existe de fato além da máscara da persona? Ilusões. 

O email aguarda resposta. O coração salta no peito: "Uma vida!". Sim, é uma vida que aguarda, não uma mera situação. Minha mente incontrolável apresenta business plans atualizados com fluxos de caixa! "Manas" diriam os indianos. A mente inferior incansável e ignorante, conectada ao ego. E para este coração que interajo de forma poética diriam "Buddhi" - consciência - mente superior. No interior de bicho homem as maiores batalhas. E quando fugimos delas então precisamos projetar no mundo personagens que nos representam as curas que clamamos inconscientemente. Se pudermos escolher, projetemos luz à nossa volta. Resolvamos dentro nossas mazelas. Para fora cabe só agradecimento. Silenciemos queixumes e ais. Acusações. Não é justiça expor culpados, só penalização. Fere ainda mais os que precisam de ajuda. Alimenta vítimas e algozes. 

Que tipo de dificuldade justificaria que meu marido e eu disséssemos "não" para alguém que bate à nossa porta pedindo alento e proteção? Diferente de um "não" que pudéssemos dizer para o que infringisse a vida de alguma forma. A lição é o "sim". É confiar, é entregar. É saber que se cruzou nosso caminho nos diz respeito. E como esmiuçaremos isto é trabalho espiritual de cada ser que aqui está não para buscar uma travessia mais prazerosa na correnteza que forja o espírito no traslado desta margem até a outra, mas para aprender a servir nesta mesma travessia ainda que seja contra o prazer vão que o mundo ilude que nos torna felizes! Enquanto não pudermos nos alegrar na alegria do outro, nos iludimos que a tristeza dele nos torna melhores - porque realça nossas bênçãos. Quantos de nós suportam a dor do outro - por amenizarem as nossas. Mas quantos de nós são capazes de se alegrar pela felicidade de todos os seres, sem inveja branca que seja, desmascarando nosso espírito em nobreza - ou não. Sempre agradeço a ajuda que recebi nas tempestades da vida. Mas sinto especial reverência pelos amigos de todas as espécies que suportam minha alegria.

Tanta franqueza é necessária neste caminho do coração, nesta senda da verdade. Tão fácil pensar que é bom aquele que doa - o que na verdade não lhe faz falta! E como é desconfortável doar o que pode nos faltar - nos colocando face a face com a insegurança que é onde a vida acontece. Já me disse um grande professor encarnado como amigo bicho gente - Márcio Araújo iluminado - "Tudo que é confortável deixa de aprender". E a gente veio para evoluir. Se estamos desafiados, nosso espírito regojiza! Não passamos em vão. 

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Enquanto o Vitor está na lida no Santuário, estou em São Paulo arrecadando fundos para o traslado do mestre cabrito. Sim: Mestre Cabrito! Alguém que fosse menor que um provocaria todas estas reflexões? 

Tua vida é honrada meu amor, saiba que você já tem lar e família. Embora nem o Vitor nem eu saibamos como isto manifestará. Sabemos somente de milagres e bênçãos, intervenções divinas e amparo espiritual. Sabemos do amor. E tantas outras faces divinas que não cabem em palavras, mas que o coração conhece intimamente... A vida me ensinou a me contentar com as coisas que sabemos, mesmo estas que não conseguimos explicar. E isto me basta.

"Sim" traduzia a nota que respondi em nome do Santuário. Sim porque soubemos sentindo e não pensando que era o "certo" a ser vivido. Pode parecer simples demais - mas até quando complicaremos tanto? Que tenhamos coragem de percorrer os caminhos que nos acenam ao coração.

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