Tuesday, June 12, 2018

A Deus Mestra Amma

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O fim do suplício de Mestra Cabra Amma havia sido anunciado! Por ser agora despesa, por haver colapsado sem mais produzir leite ou novos filhos, seria por fim assassinada para ser vendida como carne. Carne?... Que carne?! Lembro com horror daquela cena de Mestra Cabrinha tão magra, ossos à vista, ironicamente amaldiçoada pelo próprio amor que sentiu por seus filhos. Para uma mãe, ver seus paridos partindo antes dela é um crime contra a vida em si. Mais além, como em toda mulher, a amamentação um processo psicossomático. E o sofrimento a levava a produzir menos leite. Os filhos já distantes deste mundo, novas gravidezes. Mortes. Ciclos intermináveis. A dor de quem sofre profundo e calado, deprimido, por ter sabido que seus gritos de agonia não podem ser ouvidos. Você é capaz de escutá-los e aliviá-los agora? Em nossas geladeiras e panelas gritam inocentes.

Quando chegou ao Santuário imediatamente começou a esguichar leite pelas mamas! E nós inocentemente pensamos que ela estava anunciando sua cura. Que jamais chegou. No final, ela já não andava de tanta sensibilidade causada pela mastite. A mastectomia parecia ser a esperança para uma vida condenada, mesmo que o Vitor e eu tantas vezes saudavelmente discutíamos sobre deixá-la desencarnar aqui, no colo da Rainha que a havia acolhido. No Santuário tinha um comportamento atípico, diferente dos seus companheiros. Subia até o topo da montanha e passava as noites bem na divisa da propriedade do Santuário Vale da Rainha na terra com o Santuário Vale do Rei no céu. Talvez ali ela pudesse falar com seus filhos, pedir perdão pela fertilidade que os matava a cada gestação. Não raras vezes Vitor Favano ia á noite buscá-la e ela a contragosto o acompanhava. Ele falava em proteção. Ela em liberdade. Mestre Bode Hipócrates a acompanhava e se apaixonou por ela. Em sua primeira temporada no hospital nosso professor ficou tão irritado que refugava nossos carinhos com agressividade, claramente perguntando do paradeiro da amada. Quem tem coração sente. Quem já não sente que não morra do coração! Mestra Amma tinha outro comportamento diferenciado: era incrivelmente amorosa. Sempre nos abraçava, batendo seu peito contra o nosso quando nos agachávamos e vibrando nosso cardíaco com palavras de esperança que só quem já sofreu e sobreviveu consegue falar com propriedade. Ela empedrou seu leite de tal forma que ele se tornou seu próprio câncer. Dentro dela aquele leite a corroía e na cirurgia constatamos o que havia se tornado dentro dela: um tecido vivo que a matava pele para dentro, um que a comia. Enquanto tantos aqui pele para fora pensavam somente que se já não podiam comer seu queijo, que pudessem comer sua carne. Nesta morbidez sua vida foi se esvaindo, mas jamais seu amor. Houve ocasião, no nascimento de Mestre Jumentinho Erê Gopala, em que ela cedeu seu peito - aos gritos de dor, sendo ama de leite dele. Uma amiga teve que segurá-la enquanto outra - Cleide também amada - dava o papá em sua boca, Vitor segurando. Revezamento. Para que suportasse a ordenha - que salvaria o recém nascido de outra mãe que ficou impossibilitada de amamentar e desesperada se mantinha como acompanhante de tudo que ali ocorria.
A amiga Larissa Putz ficou desolada pela circunstância - mais ainda do ponto de vista de sermos veganas. Mestra Amma percebeu que se afligia e entre todos que estávamos reunidos, ela foi em direção à nossa amiga e do topo de sua dor a acolhia, sentindo o desconforto que acometia o coração da Lari, como se sua própria agonia não fosse importante frente a do outro! Todos escutamos dela: "Eu te entendo, eu te perdoo". E choramos juntos emocionados pela inspiração de um serviço que nós mesmos ainda aspiramos realizar - sem os mínimos traços de grandeza que Mestra Amma colocou padrão. Mestre Erê Gopala sobreviveu! Mestra Amma salvou a vida dele. E a nossa de culpa e remorso que sentiríamos se a criança não tivesse resistido. Mestra Amma nos salvou a todos. Seu nome foi escolhido para homenagear a Santa do Abraço, Amma, ainda encarnada e grande guru espiritual da India. Mãe Espiritual generosa com filhos em todo planeta. Nossa Mestra Amma entendeu sua missão e na graça de sua homenageada cumpriu seu propósito, nos provocando para despertares - que podemos sim negar, abusando do nosso livre arbítrio, agora que conhecemos a verdade. Aqui queria registrar a surpresa de perdê-la, mas já era claro para nós que ela a cada oportunidade se despedia, na sabedoria de quem tocou sua mortalidade e entendeu pela doença que este instante pode ser o último. Para todos nós. :O A vida é urgente. E nós, nós a protelamos. É bom ter pressa, pois nem todos de nós ao morrermos constataremos termos vivido.

Nossa professora do amor desencarnou depois da cirurgia de mastectomia, tendo recebido a visita de uma amiga e servidora do Mistério - Ana Silvia Gonçalves - que certamente auxiliou na passagem. Comemoramos prematuramente o êxito da intervenção. Mestra Amma só levantou para mostrar seu olhar de amor para cada bicho gente, para nos dizer que a morte nos encontrará a todos. E que se tivermos vivido na inteireza que ela viveu, nos entregaremos aos seus misteriosos encantos com serenidade, enquanto nos despedimos das dores deste invólucro de carne e ossos. Que cada um viva de maneira a não querer postergar o fim que já hoje se prenuncia através dos nossos hábitos e vícios. Escolhemos como morremos. E além de inconscientemente fazermos escolhas para nós, brincando com o poder superior, temos feito a outros - que se vão, como ela, precocemente.
Mestra Amma é uma das incontáveis mães escravizadas e torturadas pela pecuária leiteira, aquela que financiamos ao consumirmos leite, queijo, iogurte e todos estes produtos que por não vermos a vítima, pensamos serem até saudáveis para alguém! Mas de verdade, nem para eles nem para nós. Divaguemos juntos: quando um bebê no peito enfrenta qualquer desequilíbrio o pediatra recorre aos cuidados da mãe para curar o rebento, que o alimenta. E curando a mãe, cura o filho. Agora, que ironia, nós adoecemos as mães, consumimos leite delas e não queremos o mesmo ônus que oferecemos. O de adoecer gerações. Nosso despertar marca um amanhecer consciencial que urge em benefício de todos os seres. Lá do Santuário Vale do Rei no céu Mestra Amma por fim amamenta seus filhos tirados de seu peito pela cobiça de nossa espécie, uma tão bruta que ignora vidas por dinheiro e mascarando mercenários em marketing repleto de apelos pelo consumo do que, agora claramente exposto, mata mãe, filho. E ladrão! Todos estamos adoecendo. Não é a Amazônia que precisa ser salva, nem mestres animais! Eles simplesmente precisam ser deixados em paz. Nós carecemos sermos salvos. Do pior de nós.
Agradecemos por quem consegue ver propósito na vida de Mestra Amma, por quem honra o desencarne dela com consciência gratidão. A todos que sentirem colaborar com uma despesa de aproximadamente R$ 1.500,00 agradecemos com humildade. Por quem se comove a ponto de mudar hábitos de consumo, Mestra Amma agora no Santuário Vale do Rei no céu e cada um no Santuário Vale da Rainha na terra festejamos a vida dela não ter passado em vão. Rezamos que a nossa tampouco passe e operemos mudanças de vida imperativas para que nosso espírito ao adentrar o Mistério não se sinta envergonhado por caminhar com grilhões, mas altivo caminhe livre em agradecimento pela oportunidade de evolução. - Caixa Econômica Federal AG 1470 - OP 013 - CP 00026610-9 - CPF 116.669.798-30 - Vitorino Favano Neto - Banco Santander 33 - AG 0214 - CC 01025281-4 - CPF 103.129.428-77 - Patricia Varela Favano - Paypal: ticiavarela@gmail.com